sábado, 19 de setembro de 2009

DA ÉPOCA EM QUE TINHA FÃS

Na quinta estava em Floripa e fui almoçar com umas amigas num restaurante por quilo. Na fila quilométrica, encontrei um rapaz que está estudando na UFSC e que foi meu aluno uns quatro anos atrás. Nem reconheço meus ex-adolescentes direito. Eles crescem e mudam de voz (e acho um barato acompanhar essa mudança). Bom, a crônica abaixo não é sobre esse aluninho específico. Ela deve ter uns seis ou sete anos, por aí, e descreve um passado ainda mais distante, de quando eu dava aula de inglês e era coordenadora acadêmica de uma escola de idiomas, e de vez em quando apareciam uns fãs das minhas crônicas do jornal pra me conhecer pessoalmente. Falando assim, até parece que era uma peregrinação sem fim. Acho que foram umas três vezes. Numa delas o sujeito levou bombons. Mirem-se no exemplo, pessoas.

PORN STAR


Ah, sinto tanta falta de dar aula pros meus adolescentes! Digo isso sem a mínima ironia. Eles eram fofinhos, e eu me sentia rejuvenescida perto deles. Como recordar é viver, vou narrar uma vez em que um dos meus nove leitores foi me visitar na escola. Era hora do intervalo, eu conversando com alguns meninos, e chega o meu simpático fã, um homem da minha idade. Durante a habitual troca de gentilezas ("Você é a Lola?!" "Eu mesma, em carne e gordura" etc), os adolescentes observavam incrédulos – eles não conseguiam acreditar que alguém no mundo podia querer me conhecer (eu também tenho dificuldade em acreditar). O carinha criticou que os jovens de hoje não têm mais tempo pra nada, nem pra ler jornal, nem pra ir à missa. Acho que este foi um mau exemplo, pois os adolescentes se entreolharam antes de rir. Quando o rapaz perguntou de onde eu era, meus queridos adolescentes, que sabem das minhas origens argentinas, rapidamente murmuraram: "Duvido que ele ainda vai querer o autógrafo dela". Mas ele quis, foi muito gentil e teve de ir embora. Assim que ele saiu, os teens me perguntaram: "Seu marido sabe que você tem um amante?" e "Ele viu o seu filme?".
Atrás desta última indagação há uma longa história, que tem a ver com meu péssimo timing. Em outro intervalo, anterior à visita do meu fã, um adolescente me contou, brincando, que estava atuando em um filme pornô. Conversa vai, conversa vem, e eu, cansada daquele papo, lanço um "eu já fiz um filme". Só que não era um filme pornô, lógico! Era um vídeo caseiro de terrir em que eu matava vários amigos e, no final, eles ressuscitavam e dançavam "Thriller", do Michael Jackson (daí você pode ver que o negócio é antigo). O título era "Lola, A Estranha". Se Deus for misericordioso, a fita se estragou com o tempo e eu não corro a mínima chance de ser chantageada. Mas os adolescentes não quiseram nem saber. Meu timing foi tão ruim que a partir daí eles passaram a me chamar de "porn star". Mas eu ainda gosto deles mesmo assim.

7 comentários:

Alba Almeida disse...

Legal, muito legal!!!
Durante toda a minha formação eu nunca pensei em entrar na área escolar. No entanto, entrei por acidente e me apaixonei loucamente. Nunca mais me vi em outra área, isso é uma coisa que me faz concordar com sua frase, “Eles eram fofinhos, e eu me sentia rejuvenescida perto deles”. Isso é algo que me mantém. Pôxa !!! como eles mudam, moro ainda na redondeza e ainda sempre sou surpreendida com um deles se dirigindo –“—e ai moçada??” Esse sempre é o meu bom dia. Acho que ainda estarei por muito tempo. Tenho muitas dessas também, claro que num tem o sabor da sua, algumas bem legais.
Bom final de semana. Beijos.

Alba Almeida disse...

Voltei, só pra perguntar...
sem chance de ver o filme??? ahahahah!

Unknown disse...

Como eu gostaria de ver esse vídeo....

Carla Mazaro disse...

Ai, ai, Lola... fico aqui me matando de rir com seu blog e toda hora meu namo me pergunta pq eu to rindo!!
Tava lendo (horrorizada)o post sobre sua origem argentina! Eu sempre achei bobo esse ódio dos brasileiros para com os argentinos... até eu ir pra lá!
O povo mau educado viu?! Eu fui pra Mendonza e num sei se é pq eu não falo nem portunhol, ou se é porque estava com um mexicano mas os lojistas sempre me ignoravam ou eram grossos.
mas enfim.... tenho uma prima q chama Paôla (sem o acento - é só pra identificar a pronuncia), que a gente chama de Pá, Palola, Pakalolo e até Papoula! mas acho q o q ela mais gosta é palola, pq é o q ela adotou "oficialmente"

Eduardo Silveira disse...

Olá Lola,
(humm, soa estranho isso, né)

Gostei muito de seu blog.
Cheguei aqui pois estava lendo uma notícia(?) mal-feita no blog da Gazeta de Joinville, sobre a parada da Diversidade (antiga, mês retrasado).
Entre tantos comentários escabrosos e preconceituosos, estava o seu lúcido e inteligente.
Muito legal.

Bem, voltarei aqui com mais tempo.

Amanda Lourenço disse...

Oi Lolita!

Queria te recomendar um post de um excelente blog de uma menina que estava morando em Dakar, no Senegal até uma semana atras. Esse post é sobre a mutilação genital feminina.

http://saopauloparisdakar.over-blog.com/article-36256188.html

Seria legal se ela pudesse fazer um guest post sobre a situação das mulheres no pais. Poligamia e excisão não é exatamente o que a gente chama de liberação.

Beijos!

Anônimo disse...

Eu começei a ler seu blog a poucos dias Lola.Achei-o por acaso.E seus posts são tão bem feitos que já quero conhecer vc Rsrsrs.
Acabou de fazer uma fã de orlandia!